A construção híbrida surge como uma tendência cada vez mais relevante no setor da construção civil, oferecendo soluções inovadoras e sustentáveis.

*Por Felipe Savassi
Há muito tempo defendo uma abordagem que considero revolucionária para a construção civil: as construções híbridas.
O que é construção híbrida?
Uma construção híbrida ocorre quando utilizamos mais de um sistema ou materialidade dentro da mesma obra ou projeto.
Isso pode significar trabalhar com a construção tradicional associada a sistemas complementares, como paredes de concreto, light steel framing ou madeira engenheirada.
Mas também pode significar integrar dois sistemas já industrializados, potencializando resultados.
Quebrando preconceitos na construção
Por muito tempo, a construção foi tratada como “8 ou 80”: ou totalmente tradicional, ou totalmente modular e industrializada.
Quando entendi que não se trata de nós contra eles, mas de integração de sistemas, percebi que a chave do crescimento estava em superar o preconceito cultural que ainda existe no setor.
Mostrar ao cliente que a industrialização da obra não é um “bicho de sete cabeças”, mas sim um caminho para previsibilidade, qualidade, menos riscos financeiros e cronológicos, além de menor dependência de mão de obra, abre um leque de oportunidades.
E o melhor: essa transição pode começar de forma gradual, com apenas 5% da obra industrializada, crescendo à medida que se ganha confiança no sistema.
Industrialização: um caminho sem volta
Costumo dizer que experimentar a industrialização é como dirigir um carro automático: depois de conhecer, dificilmente alguém volta atrás.
Hoje, a construção híbrida e a industrialização nos permitem atuar em praticamente todos os segmentos: casas populares, projetos de alto padrão, hospitais, shoppings, hotéis e prédios de até 50 pavimentos.
Sustentabilidade e eficiência
A construção civil é responsável por 50% do consumo dos recursos naturais do planeta e entre 25% a 30% das emissões de gases. Além disso, enfrenta 77% de atrasos em cronogramas e 75% de desvios orçamentários.
Diante disso, a construção industrializada se apresenta como solução sustentável e eficiente:
- Consome até 100 vezes menos água que a construção tradicional.
- Oferece materiais com maior conforto térmico e acústico.
- Reduz custos de manutenção, com fachadas que chegam a 30 anos de garantia.
- Impacta diretamente no custo de operação dos empreendimentos.
O impacto da mão de obra e o futuro do setor
Outro grande desafio é a escassez de mão de obra. A construção industrializada pode reduzir em até 80% a necessidade de trabalhadores no canteiro, já que muitas etapas são feitas em ambientes controlados de fábrica.
Isso atrai as novas gerações, que preferem atuar em um ambiente tecnológico e seguro, usando parafusadeiras no lugar de colheres de pedreiro.
Um laboratório pessoal
Minha própria casa foi um laboratório vivo desse processo. Testei sistemas como painéis SIP (Structural Insulated Panels) e banheiros modulares. O que seria uma obra de três meses durou oito, mas me trouxe aprendizados valiosos. Hoje, ela é meu showroom vivo, que comprova o potencial da construção industrializada.
Conclusão: tempo é o novo metro quadrado
A construção híbrida não é apenas sobre o custo por metro quadrado; é sobre o tempo ao quadrado. Nenhum outro sistema entrega tanto em rapidez, eficiência, sustentabilidade e previsibilidade.
O setor precisa quebrar barreiras de mentalidade e abraçar esse modelo. Minha experiência e diversos cases comprovam: a construção híbrida é o caminho sem volta, capaz de transformar o mercado e gerar um verdadeiro oceano azul de oportunidades.
*Felipe Savassi é VP de Produtos e Inovação da SteelCorp, empresa especializada em construção industrializada