Especialistas mostram como a IA se integra a criatividade sem substiutí-la.

A chegada da inteligência artificial (IA) provoca um verdadeiro ponto de inflexão no design, na moda e na arquitetura. Enquanto alguns a veem como ameaça à criatividade, outros a consideram uma aliada poderosa para otimizar processos, reduzir desperdícios e ampliar possibilidades criativas. Independentemente da visão, é inegável o impacto profundo que a tecnologia já exerce em ambientes construídos, produtos de consumo e vestuário.
Philippe Starck e a cadeira gerada por IA
O designer francês Philippe Starck foi pioneiro ao lançar, em 2019, uma cadeira produzida em massa com auxílio da IA, em parceria com a Kartell, apresentada na Semana de Design de Milão. O projeto começou em 2017, com um desafio inusitado: criar uma cadeira confortável com o mínimo de matéria-prima e energia.
Inspirado por um processo biológico — a formação dos dedos na mão humana — o design foi concebido em minutos pela IA, algo que anteriormente levaria anos.
“A IA é uma ferramenta fantástica, mas ainda não tem coração ou cérebro. Precisamos da intuição e da magia humana. Por enquanto, ela é um meio, não um fim”, destacou Starck.
Norma Kamali e a moda digital
A estilista Norma Kamali compartilhou como a IA transformou seu acervo de moda, permitindo recriar peças clássicas e desenvolver novas variações com agilidade. Por meio de prompts estratégicos, a IA analisou seu legado, sugerindo ajustes de padrão e novos cortes.
Para Kamali, a tecnologia é uma aliada que acelera processos criativos e dá nova vida à marca. Mas, ela reforça, “é necessário nosso olhar, nossa emoção e experiência para decidir o que realmente funciona”.
Tim Fu e a arquitetura orientada por IA
O arquiteto Tim Fu explica que a IA tem sido utilizada para desenvolver layouts de planta baixa e otimização espacial em projetos arquitetônicos. Seu estúdio aplica algoritmos evolutivos que testam diferentes configurações, permitindo que os profissionais escolham as melhores alternativas. Em um resort no Lago Bled (Eslovênia), por exemplo, a IA permitiu integrar tradição e inovação com sensibilidade ao patrimônio local.
Fu reforça que a tecnologia agiliza e aprimora o processo de entrega, mas não substitui a experiência humana: “O que importa são os espaços e experiências que criamos, não apenas as renderizações”.
O equilíbrio entre criatividade humana e IA
Os designers e arquitetos entrevistados — Starck, Kamali e Fu — compartilham a mesma visão: a IA não substitui a criatividade humana, mas atua como uma ferramenta para potencializar o processo criativo. A chave está em controlar a tecnologia, preservar a visão artística e usá-la como uma aliada estratégica