A inteligência artificial (IA) está deixando de ser apenas uma promessa futurista e já começa a moldar o setor da construção civil em duas frentes principais: Previsão de mercados e tendências e Execução de projetos.

Um novo relatório da Merlo America, desenvolvido em parceria com a BiltData.ai, aponta que os gastos com construção nos EUA devem saltar de US$ 1,553 trilhão em 2025 para US$ 1,889 trilhão em 2030, crescimento anual médio de 4%.
Ao mesmo tempo, análises compartilhadas por Brian Kassalen, diretor da Baker Tilly, mostram como empreiteiras e construtoras já utilizam IA em diferentes fases dos projetos – desde licitações até operações em campo – e quais barreiras ainda limitam uma adoção mais ampla.
Concentração geográfica e boom de data centers
Segundo o estudo, apenas cinco estados – Califórnia, Texas, Flórida, Nova York e Nova Jersey – deverão responder por 42% do volume total de investimentos. Já em nível metropolitano, 35 regiões urbanas concentrarão 64% da atividade, com destaque para Nova York–Newark–Jersey City (US$ 162,2 bi), Los Angeles (US$ 95,5 bi) e Chicago (US$ 66,8 bi).
O segmento industrial ganhará protagonismo com a explosão de data centers, impulsionados por computação em nuvem, inteligência artificial e 5G. Washington, DC, por exemplo, deve alcançar 3.000 MW de capacidade, enquanto Dallas–Fort Worth se aproxima de 1.500 MW.
“Os data centers estão emergindo como um poderoso motor da construção industrial”, afirma o relatório.
IA aplicada ao ciclo da construção
De acordo com Kassalen, as construtoras vêm investindo em IA em três frentes principais:
- Projeto: uso de algoritmos para iterar layouts CAD e simular cenários estruturais;
- Licitação e aquisição: análise preditiva de custos históricos, tendências de mercado e fornecedores;
- Obras: integração com drones, câmeras e robótica para monitoramento em tempo real, detecção de desvios e maior segurança.
Benefícios e desafios
Os maiores ganhos já se refletem em estimativas e licitações mais precisas, evitando propostas subavaliadas – uma das principais causas de prejuízos no setor. Além disso, o monitoramento com drones e câmeras tem reduzido atrasos e retrabalhos.
Entretanto, a qualidade dos dados ainda é a maior barreira. “A IA é tão forte quanto os dados que recebe. Sem informações confiáveis, mesmo as melhores ferramentas não entregam valor real”, ressalta Kassalen.
Grandes empreiteiras lideram a adoção, enquanto empresas médias tendem a ser mais conservadoras. Internamente, áreas de TI puxam a inovação, mas departamentos financeiros analisam os custos com cautela.
Previsão e realidade: um ponto de convergência
As projeções da Merlo/BiltData deixam claro: a demanda na construção dos EUA será concentrada e orientada pela expansão dos data centers.
Já a visão prática da Baker Tilly indica que capturar esse crescimento dependerá do uso estratégico da IA, tanto para planejar quanto para executar com mais eficiência.
Em resumo, a próxima década do setor nos EUA será definida não apenas por onde a demanda crescerá, mas por quais empresas transformarão a inteligência artificial em vantagem competitiva real.