Um estudo da Grant Thornton Brasil revela que, mesmo com a retração na lucratividade, o setor de incorporações imobiliárias demonstra resiliência: no 2º trimestre de 2025, as empresas listadas no Novo Mercado da B3 alcançaram receita combinada de R$ 13,2 bilhões (recorde) — porém, o lucro líquido caiu 16,4% comparado ao mesmo período de 2024, ficando em R$ 1,1 bilhão.

Principais indicadores
- A margem de lucro líquido caiu para 8,6%, embora, sem o efeito dos impairments, poderia ter alcançado até 14,5%, com lucro estimado em R$ 1,9 bilhão.
- O ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) atingiu 11,7%, mas sem perdas contábeis teria sido de 13,1%.
- A margem bruta permaneceu estável em 29,6%, com crescimento de 2,7 pontos percentuais frente ao 2º trimestre de 2024, apesar do aumento de 9,9% nos custos, que somaram R$ 8,9 bilhões.
- As despesas administrativas subiram 7,9%, enquanto as despesas comerciais avançaram 29,7%, acompanhando o maior volume de receitas.
Vendas, lançamentos e endividamento
- Os lançamentos recuaram 6,8% no trimestre, mas as vendas cresceram 2,6% em relação ao mesmo período do ano anterior, sustentando o dinamismo do setor.
- Os estoques somaram R$ 46,9 bilhões em junho, com alta de 3,9% no trimestre e 5,7% no semestre.
- As contas a receber cresceram 7,4% no trimestre e 12,1% no semestre.
- O saldo de empréstimos aumentou modestos 1,9%, mantendo a relação dívida / patrimônio em 74%, indicador de equilíbrio financeiro e disciplina na gestão de capital.
Opiniões do mercado
Maria Regina Abdo, sócia de Auditoria e líder de Real Estate da Grant Thornton, afirma que os resultados demonstram a capacidade de adaptação das incorporadoras, que têm adotado gestão estratégica de despesas administrativas e comerciais para proteger a rentabilidade frente às pressões externas.
Thiago Bragatto, sócio de Auditoria e coordenador do estudo, enfatiza que, apesar dos fatores externos como a política monetária internacional e o cenário econômico doméstico, os programas habitacionais e a demanda por moradia acessível devem manter uma tendência positiva nos próximos trimestres.
Ele conclui: “Isso reforça a relevância do setor como motor de desenvolvimento econômico e social no Brasil.”