Evento em São Paulo reuniu líderes mundiais e destacou o papel da inovação e da colaboração para acelerar a descarbonização do setor da construção civil.

Enquanto Belém abria a programação preparatória para a COP30, São Paulo sediava, no dia 6 de novembro, a Conferência Internacional Green Building Brasil, um dos fóruns mais relevantes da agenda climática global.
O evento reuniu líderes da construção civil, especialistas internacionais em sustentabilidade e organizações setoriais para debater os caminhos rumo à transição energética e à descarbonização da construção civil — um dos pilares centrais da agenda ambiental global.
Um setor-chave na transição climática
Hoje, o setor da construção civil responde por cerca de 34% das emissões globais de CO₂, além de estar entre os maiores geradores de resíduos do planeta.
Esse contexto foi o ponto de partida dos debates da conferência, promovida pelo Green Building Council Brasil (GBC Brasil), World Green Building Council (WGBC), SindusCon-SP (via Comasp) e Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC), com o apoio da Saint-Gobain.
Na abertura, Vinícius Araújo, diretor sênior de Estratégia e Marketing da Saint-Gobain, destacou o compromisso da empresa em liderar soluções sustentáveis:
“Com a construção civil sendo responsável por um terço das emissões globais de CO₂, temos aqui uma grande oportunidade de liderar mudanças realmente significativas. Neste momento em que celebra seus 360 anos de história, a Saint-Gobain reafirma seu compromisso de fomentar a inovação, reduzir desperdícios e integrar tecnologias que acelerem a transformação para um setor mais leve e sustentável.”
Cooperação global e escalabilidade das soluções
Entre os temas centrais, a conferência destacou a importância da cooperação internacional e da criação de roadmaps de descarbonização para o setor.
Emmanuel Normant, vice-presidente global da Saint-Gobain, participou da plenária “Das promessas ao progresso: impulsionando a ação climática por meio das edificações” e reforçou a necessidade de alinhamento global e políticas consistentes:
“Sabemos como criar edifícios quase zero emissões e resilientes. O desafio agora é escalar essas soluções — e isso só será possível com regulamentações consistentes, alinhamento global e apoio governamental.”
O painel também contou com Cristina Gamboa, CEO do World Green Building Council (WGBC), e Alejandro Prada, representante do BID Invest.
Em outra mesa, intitulada “Resiliência e Adaptação Climática: Políticas Públicas, Práticas e Soluções”, Douglas Meirelles, gerente de Public Affairs da Saint-Gobain, destacou a relevância da industrialização sustentável e da eficiência energética como pilares da transição:
“Precisamos assumir um compromisso coletivo para transformar práticas construtivas, com foco em eficiência, redução de impactos e industrialização sustentável. Soluções de impacto já existem e estão disponíveis.”
Inovação aplicada e novos indicadores de sustentabilidade
Entre as iniciativas apresentadas, um dos destaques foi o lançamento da CEHídrica, nova calculadora de eficiência hídrica desenvolvida pelo SindusCon-SP, em parceria técnica com a Saint-Gobain.
A ferramenta permite mensurar o consumo de água em diferentes fases da construção, comparar desempenhos entre materiais e promover o uso racional dos recursos naturais — uma inovação prática que fortalece o avanço dos indicadores de sustentabilidade em toda a cadeia produtiva.
Foram citadas também as soluções concretas da Saint-Gobain na descarbonização global, como janelas com 70% de conteúdo reciclado e linhas de produção totalmente elétricas em países como Canadá e Noruega, ilustrando o compromisso da empresa com práticas sustentáveis em escala industrial.
Brasil assume papel de liderança na construção verde
O encerramento da conferência destacou a criação da Global Alliance for Building Construction, uma iniciativa voltada à unificação da linguagem setorial e à definição de padrões globais — considerada essencial para acelerar a transição verde.
Para Felipe Augusto Faria, CEO do GBC Brasil, o país já demonstra vantagens competitivas no cenário internacional:
“O Brasil já apresenta eficiência superior em emissões de CO₂ por metro quadrado em relação a países como a Inglaterra. Agora, precisamos escalar nossas soluções e garantir que a sociedade civil esteja engajada nesse movimento. A educação será o motor para consolidar essa liderança.”
Síntese
A Conferência Internacional Green Building Brasil reforçou que o futuro da construção sustentável será guiado pela cooperação, inovação e industrialização limpa.
Em um momento em que o planeta se prepara para a COP30, o evento reafirma o papel estratégico do Brasil e da América Latina na transição para uma economia de baixo carbono, onde a construção civil é protagonista — e não apenas participante — da transformação climática global.