Segundo incorporadoras, a escassez de trabalhadores já afeta prazos, eleva custos e reduz a produtividade.

O avanço do setor da construção civil em Campo Grande ganhou fôlego com a chegada de novos empreendimentos. Até o fim de 2025, ao menos 20 grandes construtoras devem ter obras em andamento na cidade.
Contudo, a falta de mão de obra qualificada preocupa o setor, que enfrenta dificuldades para preencher vagas e teme atrasos nos cronogramas, segundo as empresas.
Com o aumento dos lançamentos e comercialização de empreendimentos, incorporadoras de Campo Grande intensificam a busca por profissionais para diversas funções na construção civil.
Lucas Merquides, CEO da LG2 Incorporadora, destaca o impacto direto dessa escassez:
“O mercado começa a sentir os efeitos da falta de mão de obra qualificada, principalmente nas funções operacionais. Temos buscado alternativas, como cronogramas mais eficientes e valorização dos profissionais, mas o gargalo é real. O crescimento do setor precisa estar alinhado com políticas de formação e valorização local.”
Ricardo Toscani, diretor de Engenharia da HVM Incorporadora, reforça que o problema é nacional e aponta a baixa renovação de profissionais como um dos principais motivos:
“A entrada de novos trabalhadores não acompanha a demanda crescente, enquanto profissionais experientes deixam o mercado por aposentadoria ou mudança de carreira. Isso gera um desequilíbrio que afeta toda a cadeia produtiva.”
A HVM aposta em melhores condições de trabalho e em sistemas construtivos mais produtivos para contornar o problema.
Mesmo empresas tradicionais como a Plaenge sentem os efeitos do mercado aquecido. A diretora da unidade local, Valéria Gabas, cita o projeto Elas Constroem, uma iniciativa da CBIC em parceria com o SENAI para ampliar a presença feminina na construção civil:
“Começamos em Campo Grande com 75 alunos para cursos de Revestimento Cerâmico, Pintura e Operadora de Bobcat, e novas turmas já estão sendo formadas. Hoje, as mulheres representam 15% dos trabalhadores em nossos canteiros, e vemos grande potencial para ampliar essa participação.”
Além disso, a Plaenge promove um feirão de empregos em parceria com o Sintracom, com 50 vagas abertas para funções como auxiliar de produção, pedreiro, carpinteiro e encarregado de obras. O evento ocorrerá no dia 19 de agosto, das 8h às 16h, na sede do Sintracom (Rua Maracaju, 878 – Centro).
Atualmente, 17 grandes incorporadoras atuam na capital, com pelo menos mais três previstas para se estabelecer até dezembro.
José Abelha, presidente do Sintracom, destaca que o cenário de pleno emprego na construção civil não é exclusividade de Campo Grande:
“O Mato Grosso do Sul vive um momento de pleno emprego na construção. Quem tem qualificação encontra emprego, mas a falta de profissionais especializados está atrasando obras. É fundamental que governos estadual e municipal invistam em qualificação para garantir mão de obra suficiente tanto na capital quanto no interior.”