Um novo acordo comercial entre os Estados Unidos e a União Europeia estabelecerá uma tarifa básica de 15% sobre a maioria das exportações europeias. No entanto, o acordo manterá impostos elevados sobre insumos essenciais para a construção civil, como aço e alumínio, impactando diretamente o setor.

Imagem: Reuters/Evelyn Hockstein
O acordo comercial, anunciado em 27 de julho, prevê isenções para produtos estratégicos e inclui compromissos de longo prazo da União Europeia para a compra de produtos de energia e defesa dos Estados Unidos.
Essa estrutura poderá impactar diretamente as estratégias de fornecimento, a demanda por infraestrutura e o planejamento de projetos nos próximos anos.
Confira três conclusões importantes para o setor da construção:
1) Os custos tarifários dos materiais europeus continuam elevados
O acordo evita um conflito comercial mais amplo, mas mantém pressões significativas sobre os custos dos principais insumos.
Embora a maioria dos produtos da União Europeia exportados para os Estados Unidos enfrente uma tarifa padrão de 15%, os impostos sobre produtos de aço e alumínio permanecerão em até 50% para algumas categorias, dependendo da origem e classificação.
Apesar de reduzir a incerteza em relação às taxas anteriores dos EUA, o acordo pode aumentar a volatilidade em licitações e orçamentos de projetos com cadeias de suprimentos transatlânticas.
Contratantes que adquirem materiais ou máquinas especializadas da Europa — como aço estrutural, vidro para construção ou equipamentos de elevação e perfuração — podem ser os mais impactados.
2) O investimento da UE em energia e defesa dos EUA pode impulsionar a procura de infra-estruturas
Como parte do acordo, a União Europeia comprometeu-se a realizar mais de US$ 750 bilhões em importações de energia e US$ 600 bilhões em investimentos militares e industriais nos próximos três anos.
Embora os detalhes completos ainda não tenham sido divulgados, espera-se que esses compromissos impulsionem o desenvolvimento de infraestrutura relacionada a terminais de GNL, transmissão de energia, atualizações de rede e fabricação de defesa.
Esse cenário poderá gerar oportunidades significativas para contratantes nas áreas de engenharia, aquisição e construção, com destaque para os setores de energia e logística.
3) Alguns insumos escapam às tarifas sob as disposições de zero por zero
O acordo inclui exceções que, supostamente, eliminam completamente as tarifas para categorias específicas, como equipamentos semicondutores, componentes aeroespaciais e produtos químicos e matérias-primas selecionados.
Embora essas isenções não sejam diretamente voltadas para o setor de construção, elas podem beneficiar empresas fornecedoras de componentes relacionados à infraestrutura de energia, sistemas de automação ou manufatura avançada. Empreiteiras envolvidas em construções industriais de grande porte poderão ganhar flexibilidade nas importações selecionadas, especialmente quando sistemas de fabricação europeia são fundamentais na montagem ou fabricação de plantas.
Entretanto, a lista de produtos isentos permanece limitada e, até o momento, não inclui materiais essenciais para construção.
Próximos passos
O acordo será implementado em fases, com as primeiras disposições entrando em vigor a partir de 1º de agosto, por meio de decreto. Ainda são aguardados maiores esclarecimentos sobre os mecanismos de execução e as possíveis exclusões tarifárias.
Enquanto isso, contratantes com relações comerciais ativas na União Europeia ou exposição aos mercados de defesa e energia devem revisar suas premissas de fornecimento e acompanhar atentamente as futuras aquisições relacionadas aos investimentos em infraestrutura entre os EUA e a UE.