O setor de mineração foi poupado das novas medidas tarifárias, graças às exceções definidas para o envio de minério de ferro, silício, e fertilizantes minerais ou químicos, como nitrogênio, fósforo e potássio. Já para a indústria siderúrgica, o alívio veio com a exclusão do ferro-gusa da lista de produtos impactados pelo tarifaço imposto pelos Estados Unidos.

A confirmação da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos a produtos brasileiros, na última quarta-feira (30), trouxe alívio parcial aos setores de mineração, siderurgia, óleo e gás e petroquímica. Isso se deve à publicação de uma lista de exceções incluída no anexo da ordem executiva assinada pelo presidente Donald Trump, com vigência a partir de 6 de agosto.
Mineração e Siderurgia: segmentos parcialmente preservados
O setor de mineração foi preservado da tarifa graças à exclusão de produtos como minério de ferro, silício e fertilizantes minerais ou químicos (incluindo nitrogênio, fósforo e potássio).
Para a indústria siderúrgica, a exclusão do ferro-gusa da medida trouxe alívio relevante.
Segundo Adriano Trindade, advogado especialista em mineração do escritório Mattos Filho, os produtos isentos são fundamentais para a indústria americana, o que justifica as exceções. No entanto, ele alerta que o segmento de rochas ornamentais foi duramente atingido, por não constar entre os itens excluídos.
A atenção agora se volta para possíveis retaliações por parte do governo brasileiro, o que pode elevar os custos operacionais das mineradoras.
Em avaliação preliminar, o Ibram (Instituto Brasileiro de Mineração) informou que 75% das exportações minerais brasileiras para os EUA (avaliadas em US$ 1,53 bilhão) foram poupadas. No entanto, minerais como caulim, cobre, manganês, vanádio, bauxita e pedras ornamentais permanecem sob a nova taxa.
Óleo e Gás: produtos estratégicos fora da sobretaxa
Mais uma vez, o setor de óleo e gás foi excepcionado das tarifas norte-americanas. Entre os produtos isentos estão:
- Óleos combustíveis destilados e residuais
- Querosene de aviação
- Combustível residual de motor
- Graxa lubrificante
- Nafta
- GNL (Gás Natural Liquefeito)
- Propano e butano liquefeitos
De acordo com Roberto Ardenghy, presidente do IBP (Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás), a exclusão já era esperada, especialmente no caso do óleo bruto, em que os EUA são deficitários. Atualmente, o país importa cerca de 6 milhões de barris de petróleo por dia, sendo 3% provenientes do Brasil.
Segundo Bruno Pascon, analista da CBIE (Centro Brasileiro de Infraestrutura), o Brasil exporta entre 12% e 15% da sua produção de petróleo para os EUA. Embora seja um volume expressivo, ele pode ser realocado para outros mercados, como a Europa e a Ásia, com baixo impacto operacional.
Dados do MDIC indicam que, no primeiro semestre de 2025, os EUA representaram 11,3% das exportações de petróleo brasileiras. Em 2024, esse número chegou a 13,4%, com uma receita total de US$ 56,6 bilhões, sendo US$ 7,6 bilhões oriundos do mercado norte-americano.
Etanol: impacto direto e preocupação setorial
O segmento que mais preocupa é o de etanol, cujas exportações brasileiras poderão ser taxadas em até 52,5%, com vigência sete dias após a publicação do decreto.
Embora o volume enviado aos EUA não seja significativo, o novo percentual praticamente inviabiliza economicamente essa corrente comercial.
O governo americano justificou a medida como reação à diferença tributária: atualmente, o Brasil cobra 18% de tarifa sobre o etanol importado, enquanto os EUA cobram apenas 2,5% sobre o etanol brasileiro.
O objetivo brasileiro, por sua vez, é proteger o mercado do Nordeste e limitar a entrada de açúcar importado, também proveniente da cana-de-açúcar — base da produção nacional de etanol.
