Construção Sustentável: Descubra Abordagens Inovadoras para Reduzir Impactos Ambientais e Impulsionar Práticas Responsáveis no Setor.

Apesar de sua importância para o desenvolvimento urbano, a construção civil figura entre as atividades mais impactantes ao meio ambiente, consumindo vastos recursos naturais e gerando grande volume de resíduos. Dados da Abrelpe de 2021 revelam que o Brasil produziu cerca de 48 milhões de toneladas de resíduos de construção e demolição, representando aproximadamente 30% de todo o lixo sólido gerado no país.
Ademais, materiais comuns como selantes, tintas e adesivos liberam Compostos Orgânicos Voláteis (VOCs), contribuindo para a poluição atmosférica e apresentando riscos à saúde humana. Diante desse cenário crítico, a sustentabilidade emerge como um pilar fundamental para o futuro do setor. Conheça três abordagens inovadoras que buscam transformar a construção civil em uma atividade mais sustentável e responsável:
1. Economia Circular: Reciclando o Futuro da Construção
A economia circular propõe um modelo de produção e consumo focado na minimização do desperdício através da reciclagem e reutilização de materiais e energia. Cláudio Carvalho, sócio da AW Realty Incorporadora, destaca a centralidade da reutilização nesse conceito. “Utilizamos diversos materiais reciclados, como aditivos, cimento, plásticos em tubulações, alumínio e aço”, exemplifica.
Projetos que reaproveitam materiais de demolições ou retrofits ilustram essa abordagem na prática. O concreto, um dos maiores emissores de gases de efeito estufa, pode ser reciclado para novas construções ou para etapas como pavimentação, reduzindo a necessidade de extrair novos recursos naturais.
2. Construções Modulares: Eficiência e Redução de Resíduos em Escala Industrial
As construções modulares representam uma alternativa sustentável e altamente eficiente. Nesse método, as estruturas são pré-fabricadas em ambientes industriais, fora do canteiro de obras tradicional. Felipe Ventura, CEO da Opus Construtech, explica que os módulos são entregues no sistema “plug and use“, ou seja, prontos para uso imediato, com todas as instalações hidráulicas e elétricas já integradas.
“Os módulos são isotérmicos e podem ser montados, transportados e acoplados como peças de Lego”, afirma Ventura. Essa técnica reduz drasticamente a geração de resíduos na obra e permite um controle mais rigoroso sobre o uso de materiais e energia.
3. Selos de Sustentabilidade: Certificando o Compromisso Ambiental
Empreendimentos que incorporam princípios de sustentabilidade podem buscar certificações que validam seu compromisso ambiental. Um exemplo relevante é o selo Edge, que avalia edifícios com base na eficiência no consumo de energia e água. Segundo Cláudio Carvalho, a certificação ocorre em duas fases: uma inicial, no projeto, estabelecendo metas de sustentabilidade, e outra posterior à conclusão da obra, verificando a implementação das medidas propostas.
“O selo Edge revolucionou o setor ao promover práticas sustentáveis objetivas e mensuráveis”, afirma Cláudio. Outros selos também reconhecem projetos que adotam práticas sustentáveis ao longo de toda a vida útil da edificação, incentivando a responsabilidade a longo prazo.
Desafios e o Caminho para um Futuro Sustentável na Construção
Apesar dos avanços, a adoção de práticas sustentáveis na construção civil ainda enfrenta obstáculos. A resistência cultural a métodos inovadores e a priorização da redução de custos iniciais em detrimento do impacto ambiental representam barreiras significativas.
Contudo, Cláudio Carvalho observa que os clientes demonstram crescente valorização por soluções sustentáveis, especialmente aquelas que oferecem benefícios econômicos a longo prazo, como materiais duráveis e sistemas eficientes de consumo de água e energia.
“É crucial reduzir o consumo de energia elétrica através de projetos que priorizem ventilação natural e sombreamento, além de promover o uso consciente da água, um recurso cada vez mais escasso”, acrescenta o especialista.
Essas iniciativas não apenas mitigam os impactos ambientais, mas também pavimentam o caminho para um futuro mais sustentável para a construção civil.
